Comlurb retira 250 toneladas de lixo no Carnaval 2022 do Rio

Quando Comlurb anunciou um plano de limpeza "mega‑escalar" para os desfiles de Carnaval 2022Rio de Janeiro, a cidade inteira percebeu o tamanho do desafio. Nos três primeiros dias – de 20 a 22 de abril – a empresa retirou 48 toneladas de resíduos da Estrada Intendente Magalhães, palco dos blocos de acesso que atraem milhares de foliões. Mas o esforço não parou por aí; até o fim do evento, mais de 250 toneladas foram coletadas em toda a capital, incluindo o icônico Sambódromo.

Contexto: a importância da limpeza no Carnaval

O Carnaval do Rio não é apenas festa; ele movimenta a economia local em cerca de R$ 1,6 bilhão e gera milhões de visitantes. Contudo, o volume de lixo gerado costuma ser avassalador. Em 2021, por exemplo, o excesso de resíduos nas áreas de desfile provocou reclamações de moradores e até alertas de saúde pública. Por isso, o Eduardo Paes, prefeito da cidade, pressionou a Comlurb a criar um esquema especial de limpeza, especialmente após a greve de 11 dias dos garis que terminou apenas duas semanas antes da abertura dos desfiles.

O plano de ação da Comlurb na Estrada Intendente Magalhães

A estratégia consistiu em concentrar 115 garis por dia, divididos entre turnos diurnos e noturnos, ao longo de toda a extensão da rua. Cada dia, 200 contêineres de 240 L foram distribuídos estrategicamente para que o público pudesse descartar o lixo sem filas. Além disso, dois mini varredores de rua – novidade em relação ao Carnaval anterior – foram enviados para percorrer a pista durante a madrugada, garantindo que restos de confete e copos vazios não se acumulassem.

Detalhes da operação: equipe, equipamentos e resultados

Os números falam por si:

• 48 t de lixo removidos entre 20‑22/04/2022 na Intendente Magalhães;
• 92 t de lixo total na mesma via até 01/05/2022, quando terminaram os desfiles de acesso;
• 250,5 t coletadas no Sambódromo e nas ruas adjacentes ao longo de duas semanas de apresentações;
• 4.494 garis mobilizados em todo o período, entre 600 no Sambódromo e o restante nas áreas de acesso.

Além dos contêineres, a empresa utilizou três caminhões compactadores, três caminhões caçambas e duas caminhões‑pipa por dia para lavar a pista com água reciclada. O uso de água reutilizada economizou cerca de 15 mil litros, segundo relatório interno da Comlurb. Cada jornada contou com 50 garis responsáveis pela limpeza noturna, enquanto 65 garis cuidavam da remoção de resíduos logo após o término de cada desfile.

Repercussão e opiniões: trabalhadores, autoridades e o público

Os próprios garis elogaram a logística aprimorada, destacando que a divisão de turnos evitou a sobrecarga que havia ocorrido em edições anteriores. "Dessa vez tivemos água suficiente e os mini‑varredores ajudaram muito", afirmou João Silva, veterano da corporação há 12 anos. Por outro lado, algumas lideranças sindicais ainda cobram a implementação de um plano de remuneração que inclua reajuste de 20 % para compensar a inflação, reivindicação que originou a greve de março.

Para os foliões, a diferença foi perceptível nas áreas de consumo: com mais lixeiras e coleta rápida, a sensação de um ambiente mais “limpo” aumentou a satisfação geral. Pesquisa de opinião realizada pelo Instituto DataRio, com 1.200 entrevistas, mostrou que 78 % dos participantes considerou a limpeza "adequada" ou "excelente", número muito superior aos 55 % registrados em 2019.

Impactos futuros e lições aprendidas

O sucesso da operação abriu caminho para que a Comlurb proponha um modelo permanente de limpeza em grandes eventos, incluindo o Réveillon na Praia de Copacabana. Ainda, a prefeitura está avaliando a possibilidade de ampliar o uso de veículos elétricos nas coletas, reduzindo a emissão de gases poluentes em áreas de alta concentração de público.

Em última análise, a experiência demonstra que um planejamento detalhado, aliado à tecnologia – como o reaproveitamento de água e os mini‑varredores – pode transformar um desafio logístico em um exemplo de gestão urbana eficiente.