Disney encerra parceria com BBC e Doctor Who volta só em dezembro de 2026

Os fãs de Doctor Who estão enfrentando o que parece ser o hiato mais longo da história da série: sem novos episódios até o Natal de 2026. A Disney anunciou oficialmente, em 28 de outubro de 2025, que encerra sua parceria com a BBC para a distribuição internacional da franquia — um acordo que durou apenas dois anos, mas prometia revolucionar o alcance global do programa. O fim da colaboração deixou milhões de espectadores em todo o mundo sem novas aventuras do Doutor por mais de 16 meses, enquanto a BBC garante que o TARDIS não está aposentado — apenas voltando às suas raízes.

Um acordo que prometia o mundo — e desmoronou em dois anos

Quando a BBC e a Disney anunciaram, em outubro de 2022, que uniriam forças para transformar Doctor Who em uma franquia global, os fãs vibraram. O plano era ambicioso: levar a série para 150 países por meio do Disney+, com produção de alto orçamento e distribuição sem precedentes. O acordo, segundo analistas, envolvia um mínimo de £200 milhões (cerca de US$ 250 milhões) garantidos pela Disney. E por um tempo, tudo parecia funcionar. Em novembro de 2023, os especiais estrelados por David Tennant — o ator escocês que voltou como o Quatorzeº Doutor — marcaram o início da era Disney+. Em seguida, Ncuti Gatwa, o ator ruandês-britânico nascido em 1992 em Ibanda, assumiu o papel como o Quinzeº Doutor, liderando duas temporadas completas e dois especiais de Natal — totalizando 18 episódios distribuídos internacionalmente pela plataforma.

Porém, a magia durou pouco. Ainda que os números de visualização tenham sido sólidos — especialmente na América Latina e na Ásia —, fontes internas indicam que a Disney decidiu priorizar produções com retorno mais rápido e menos complexidade logística. Doctor Who, por sua natureza, exige longos ciclos de produção, efeitos visuais intensos e um compromisso contínuo com a narrativa. A Disney, em meio a uma reestruturação de conteúdo, optou por focar em séries como Marvel e Star Wars, que têm pipelines mais previsíveis e mercados mais consolidados.

A BBC reafirma seu compromisso — e volta ao passado

Enquanto a Disney se afastava, a BBC não perdeu o rumo. Em comunicado emitido pela diretora de drama, Lindsay Salt, a emissora britânica afirmou: “Doctor Who continuará sendo um dos nossos dramas mais amados”. Salt, que lidera a área desde janeiro de 2023 e já foi controladora de drama entre 2016 e 2022, garantiu que a série não está em crise — apenas em transição. O próximo episódio, um especial de Natal em 25 de dezembro de 2026, será escrito por Russell T Davies, o criador que ressuscitou a série em 2005 e retornou como showrunner em 2021.

Essa volta ao passado é simbólica. Davies, nascido em 1963 em Greater Manchester, foi o arquiteto da era moderna de Doctor Who. Agora, ele retorna para fechar um ciclo e abrir outro. O especial de 2026 será produzido pela Bad Wolf, a produtora de Cardiff fundada por Julie Gardner e Jane Tranter, em parceria com a BBC Studios. A gravação já está programada para começar em janeiro de 2026, nos mesmos estúdios de Roath Lock, em Cardiff, onde tudo começou em 2005.

Além do Doutor: spin-offs e animação para crianças

A BBC não está apenas esperando. Enquanto os fãs aguardam o Doutor, há novidades em andamento. O spin-off The War Between the Land and the Sea, co-produzido com a Disney, ainda será lançado no final de 2025 — mas agora exclusivamente pela BBC iPlayer e BBC One. Isso significa que, mesmo na era pós-Disney, a parceria não foi totalmente rompida em todos os aspectos. E há mais: a emissora anunciou o desenvolvimento de uma nova série animada de Doctor Who para o CBeebies, o canal infantil da BBC lançado em 2002. A ideia é atrair uma nova geração de fãs antes mesmo que a série principal volte.

Essa estratégia é inteligente. Enquanto a Disney apostava em um modelo global de streaming, a BBC entende que o coração da série sempre foi a transmissão em rede aberta — e que, para manter a identidade da franquia, ela precisa ser acessível a todos, não apenas a quem paga por assinatura. A volta ao modelo tradicional, com estreia no BBC One, é um recado claro: Doctor Who não é um produto de consumo, é um patrimônio cultural.

O que vem a seguir? O futuro está no ar

Agora, a BBC enfrenta o desafio de reconstruir o modelo de distribuição internacional. Ainda não há acordos fechados com outras plataformas, mas especula-se que a Netflix, a Amazon Prime ou até mesmo a Apple TV+ poderiam entrar em negociações. O que é certo é que, por enquanto, o público terá que esperar — e a espera será longa. Entre o último episódio de Gatwa, em dezembro de 2024, e o especial de Natal de 2026, haverá 16 meses sem novas aventuras. É o maior intervalo desde a suspensão da série entre 1989 e 2005.

Curiosamente, essa pausa pode ser benéfica. A série ganhou uma nova vida nos últimos anos, mas também sofreu com a pressão de manter ritmo acelerado. Agora, com Davies de volta, com produção mais focada e sem a pressão de entregar conteúdo mensal para uma plataforma global, há espaço para reinventar. O TARDIS não está parado. Está apenas recarregando.