O presidente da torcida, o jornalista Milton Neves, não poupou críticas ao Flamengo após a vitória por pênaltis contra o Estudiantes. Em entrevista ao vivo, ele apontou que a equipe brasileira quase se viu fora da competição ao depender de uma disputa de tiros de pênalti para avançar. Segundo Neves, a falta de convicção e a vulnerabilidade defensiva podem se tornar um obstáculo fatal na semifinal contra o Racing Club.
Análise de Milton Neves: o que falhou contra o Estudiantes
O primeiro tempo em La Plata foi dominado pelos argentinos. O Rubro‑Negro praticamente parou de criar oportunidades, enquanto Benedetti abriu o placar com o que Neves descreveu como um "gol defendável". O goleiro Rossi, ainda em fase de adaptação na Libertadores, cometeu um erro clássico: retirou a mão no instante da defesa, permitindo que o atacante adversário acompanhasse a bola e concluísse com tranquilidade.
Na sequência, o Flamengo mostrou dificuldades para manter a posse e gerar jogadas de perigo. Mesmo com a tentativa de melhorar o ritmo na segunda etapa, a equipe ainda apresentava "enorme dificuldade de criação", segundo o analista. A interferência do VAR, que anulou um segundo gol do Estudiantes, apenas ressaltou a fragilidade da defesa diante de cruzamentos longos e bolas aéreas.
O ponto de virada veio nas penalidades. Rossi, que havia sido vilão, transformou-se em herói ao defender os chutes de Benedetti e Ascacíbar. Jorginho, Carrascal, Luiz Araújo e Léo Pereira completaram a sequência, garantindo a vitória por 4 a 2. Neves reconheceu a redenção do goleiro, mas ressaltou que um triunfo tão apertado não deveria ser base para confiar no futuro.

O que o Flamengo precisa melhorar antes da semifinal
Para Milton Neves, a maior ameaça ao sonho da tetra está na "complacência" que, segundo ele, se instalou após a vitória expressiva sobre o Vitória no Campeonato Brasileiro. Ele acredita que o grupo, liderado por Filipe Luís, passou a jogar "bem menos do que pode". Essa mentalidade, aliada à falta de intensidade tática, pode ser fatal contra um Racing que combina disciplina defensiva e contra‑ataques rápidos.
Os principais pontos que o técnico precisa ajustar são:
- Pressão alta e coerente: o Flamengo deve retomar a pressão no segundo tempo contra o Estudiantes, exigindo erros da defesa adversária.
- Transição rápida: aproveitar a velocidade de jogadores como Arrascaeta e Gabigol para criar oportunidades antes que o rival se reorganize.
- Organização defensiva: reduzir espaços entre os zagueiros e melhorar o posicionamento do goleiro em bolas cruzadas.
- Finalização: converter as poucas chances criadas, evitando depender de jogos de azar como as penalidades.
Neves ainda alerta que o Racing Club, embora não tenha o mesmo brilho técnico, demonstra maior intensidade e coesão tática. Se o Flamengo repetir a mesma postura “menos convincente”, a ideia de levantar a quarta Libertadores pode ficar apenas no imaginação dos torcedores.
Os torcedores, por sua vez, mostram sinais de desgaste. Nas redes sociais, comentários variam entre esperança cautelosa e frustração por “não ver o time jogar com a garra que o título pede”. A pressão sobre Filipe Luís aumenta a cada treino divulgado, e o técnico precisa encontrar respostas rápidas para reconquistar a confiança da nação rubro‑negra.
Enquanto o Palmeiras aguarda seu confronto com o LDU, o resto da América observa de perto a preparação do Flamengo. O próximo duelo tem tudo para ser um teste de nervos, estratégia e vontade. Se o time conseguir mudar a postura apontada por Milton Neves, ainda há chance de escrever um novo capítulo na história da Libertadores. Caso contrário, a tão almejada tetra pode se transformar em mais uma página de “quase” nas crônicas do futebol brasileiro.